Água Contida

Eu, chorando

Com essa cara toda amassada

Com esse olho em carne viva, retalhada

E esse nariz que não pára de escorrer

Eu, chorando

Tão previsível quanto areia no deserto

Mais patético sem ninguém por perto

Tão imenso que não dá mais pra conter

Então sai, deixa correr

Toda a água contida

Então sai, deixa correr

Toda mágoa velada é água parada

E uma hora transborda

Você pode não entender se às vezes fico pelos cantos

Um tanto quieta, recolhida, mergulhada no meu pranto

É que ele me liberta na hora

No momento em que eu boto pra fora

O que já não me serve vai embora

E assim, eu fico leve