Bairro Do Oriente

Tenho à janela

Uma velha cornucópia

Cheia de alfazema

E orquídeas da etiópia

Tenho um transistor ao pé da cama

Com sons de harpas e oboés

E cantigas de outras terras

Que percorri de lés-a-lés

Tenho uma lamparina

Que trouxe das arábias

Para te amar à luz do azeite

Num kama-sutra de noites sábias

Tenho junto ao psyché

Um grande cachimbo d'água

Que sentados no canapé

Fumamos ao cair da mágoa

Tenho um astrolábio

Que me deram beduínos

Para medir no firmamento

Os teus olhos astralinos

Vem vem à minha casa

Rebolar na cama e no jardim

Acender a ignomínia

E a má língua do código pasquim

Que nos condena numa alínea

A ter sexo de querubim